Faculdade de TI sem gostar ou ser bom e matemática.

Wilton Garcia
5 min readJul 14, 2020

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Acredite você NÃO está no lugar errado…

No mês de junho de 2020 eu finalmente conclui minha graduação em Sistemas de Informação pela PUC Minas, foram longos anos até finalmente poder dizer que sou um bacharel em SI. Vejo muita gente com interesse na área de computação, mas a área ainda é cheia de mitos o que acaba afastando a ideia de cursar TI. Um desses mitos é sobre a necessidade da matemática nos cursos de computação, resolvi compartilhar a minha experiência. Aqui vou contar como eu, uma pessoa com poucas habilidades em matemática consegui conclui a faculdade e me tornar um programador.

No primeiro ano ensino médio estava determinado que queria ser programador de jogos, na época já existia o curso tecnólogo em jogos digitais oferecido pela PUC Minas, e eu já estava determinado que era o curso que eu gostaria de fazer, porém sempre que pesquisava algo sobre a programação sempre encontrava vários artigos, matérias e sites dizendo que programadores eram gênios da matemática ou que os cursos tinham uma carga matemática muito grande e isso me assustava. Durante o ensino médio eu não era o melhor aluno em matemática, tinha no geral notas pouco abaixo da média mas acabava que no final do ano dava para passar.

No ano de 2012 descobri o já extinto curso profissionalizante INOVE — Jogos Digitais, uma parceria entre a PUC Minas e a a escola Plug Minas. Era um curso gratuito que fornecia vale transporte, alimentação e uniformes. Depois de um processo seletivos consegui entrar para a turma do primeiro semestre de 2012, estava com muitas expectativas sobre o que ia enfrentar e já estava preparado para apanhar com a matemática mas não foi bem isso que aconteceu. Durante o curso tive a oportunidade de aprender a game engine Game Maker, uma engine bem simples quer permitia a criação de jogos 2D com a linguagem de programação GML (ou apenas arrastando caixinhas de um lado para o outro) Durante o curso tive aulas de lógica de programação que foram extremamente importantes para mim, durante as aula aprendi Portugol e me aventurei um pouco com C++, mas o mais importante eu conseguia escrever pequenos programas para realizar as mais diversas tarefas sem precisar de uma matemática avançada, eu estava encantado com isso e particularmente era muito bom com lógica, eu estava mais determinado ainda a ser um programador.

Durante o curso o nosso objetivo era desenvolver um jogo ao longo de seis meses e eu consegui fazer, no final do curso entreguei um jogo de plataforma 2D, era uma mistura de super Mario e Indiana Jones, infelizmente não tenho mais o projeto. O mais importante é que não precisei nada muito complexo matematicamente falando. Durante o curso conversei com vários professores, todos eles eram alunos do curso de jogos digitais da PUC, tinha várias dúvidas sobre o curso e não gostar de matemática, apesar de existir no curso não era um impeditivo eu não ser bom em matemática para fazer o curso.

Terminei o curso sabendo pouco mais que o básico de programação, um pouco de estruturas de condição aqui outras de repetição ali e por ai vai, quando o curso terminou ainda tinha mais de 6 meses de ensino médio para fazer, decidi usar esse tempo para aprender mais sobre programação, porém ao longo do ano descobri o curso de Técnico em Informática da POLIMIG, um curso de informática totalmente focado em programação, decidi entrar no curso para me tornar um programador melhor, o curso era oferecido gratuitamente pelo ja extinto programa PEP, um programa que dava bolsas de estudos em escolas técnicas particulares em Minas Gerais, consegui ser aprovado na seleção e comecei o curso no primeiro semestre de 2013.

Durante o curso da POLIMIG melhorei muito minha lógica de programação, aprendi técnicas diferentes e experimentar diferentes linguagens de programação, durante o curso aprendi JavaScript, PHP, Visual Basic, C e Java, ao final do curso podia falar que realmente era um programador. Em todo o curso não tive sequer uma aula de matemática o que eu vi da época de maneira muito positiva. Ao longo do curso comecei a ver as primeiras oportunidades de emprego, o mercado estava lotado de vagas para programadores, mas nunca para programadores de jogos, então veio a realidade não dava para arrumar um emprego com jogos naquela época em BH.

Com a mudança de visão decidi a graduação que queria de Jogos Digitais para Sistemas de Informação também na PUC Minas, consegui ser aprovado para uma bolsa integral no segundo semestre de 2014, quando estava no ultimo módulo do curso técnico. Tiver que parar de trabalhar nessa época para manter os dois cursos. (Trabalhava de caixa em um pizzaria na época).

Ao chegar no curso tinha grande bagagem de programação e me sai muito bem nas matérias de programação com notas sempre acima de 85, mas como nem tudo são flores logo no primeiro semestre vem o primeiro tombo. Cálculo I, logo de cara fui reprovado na matéria, nunca tinha sido reprovado em nada na minha vida até o primeiro semestre da faculdade. Fiquei bem mal na época mas estava mais determinado a aprender mais matemática, no próximo semestre tinha a matéria Matemática Discreta, tinha ouvido falar dos veteranos que não tinha cálculos na matéria que era bem mais simples que Cálculo, então fui com tudo e dei com a cara no muro, outra reprovação no currículo, estava ficando preocupado com o isso, no ProUni existe um limite de reprovações e se eu perdesse a bolsa não teria como continuar no curso. Estava determinando que no terceiro semestre passaria em Cálculo I, porem não foi o que aconteceu reprovado mais uma vez e o mesmo aconteceu com a Matemática discreta. Fui reprovado duas vezes em cada uma delas, quando finalmente passei em Cálculo admito que tive que fazer um esforço monumental, ia as monitorias de matemática todos os dias, repetia os exercícios todos os dias, só assim consegui superar Cálculo I, com matemática discreta foi a mesma coisa, ao mesmo tempo eu estava mandando super bem nas matérias relacionadas com desenvolvimento de software, inclusive ja estava fazendo estágio como desenvolvedor.

Quando finalmente passei por Cálculo I e matemática discreta pensei que estava pronto mas não foi bem assim, veio o Cálculo II e outra reprovação e foi assim durante o curso, tive uma grande dificuldade para concluir o curso, e foi um dos principais motivos para que minha formatura fosse atrasada em 2 anos, o que pode ser desmotivador para muitas pessoas, porém nesse caminho posso dizer que me transforme em um programador profissional, desde que conheci a programação sabia que era isso que queria fazer da vida e a matemática nunca foi empecilho para não fazer, tiver a oportunidade de estagiar como programador, trabalhei na maior empresa de tecnologia do país como programador e hoje sou consultor de desenvolvimento de software em uma das melhores empresas para se trabalhar no país.

Não ser bom em matemática não vai te impedir de fazer uma faculdade de TI, claro vão haver barreiras, existe uma boa quantidade de matemática em alguns cursos, mas computação não é só matemática, existes várias áreas que você pode seguir que não vai precisar de praticamente nada de matemática.

Não saber matemática não vai te impedir de ser um bom programador, mas certamente vai ser uma barreira no seu caminho, não deixe que o que você vê em fóruns ou artigos te desmotive você pode aprender a programar muito bem sem se dar bem em matemática, e não precisa depender só da faculdade, plataformas como a Alura, Udemy ou até mesmo o YouTube podem te ensinar a programar muito bem e se tornar um grande profissional.

No meu próximo post quero fazer um detalhamento dos cursos de TI que eu conheço, o tipo de profissional que eles formam e como o mercado absorve esses profissionais.

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Wilton Garcia

Consultor de Desenvolvimento de Software apaixonado pela computação, aspirante a desenvolvedor de jogos e poliglota em treinamento.